Foram realizados estudos de campo, análise de taxas evapotranspiratórias, monitoramento de espécie com fins paisagístico, testes em ferramentas computacionais para avaliar carga térmica e insolação, bem como a elaboração do projeto arquitetônico. Levantaram-se dados de materiais disponíveis na região passíveis de mitigação da “pegada de lixo” e destino eficiente de madeira ilegal apreendida por órgãos ambientais, para uso em construção imersa no ambiente insular. A utilização de estratégias sustentáveis como os tetos e superfícies verdes potencializam a redução da carga térmica nos horários de alta incidência da radiação solar em regiões de baixas latitudes, como na APA da ilha do Combú. A unidade pedagógica proposta se integra ao lugar, permitindo ventilação cruzada pe...
Madeira, bambu, palha e até a própria terra são alguns dos materiais usados na arquitetura vernacular. Contudo, é possível notar outras características que demonstram essa adaptação, como as casas de palafita, construídas sobre as águas, devidamente pensadas para não sofrer com a cheia dos rios. Isso torna a arquitetura vernacular não apenas esteticamente interessantes, mas extremamente funcionais, oferecendo o máximo de conforto térmico. Após isso houve o início do renascimento, que com ele trouxe mudanças na área da construção, sendo introduzido novas técnicas utilizadas nas edificações e o uso de novos materiais como o metal e o cimento.
- Casa em Cunha Arquipélago Arquitetos
Porém, esses fatores não são suficientes para determinar essa arquitetura tão rica e que também envolve conceitos de tradição, cultura e expressão. A arquitetura vernacular brasileira, assim como em outros locais, é estigmatizada como “primitiva” e “inferior” em relação a outros modelos arquitetônicos como a arquitetura gótica ou moderna, por exemplo. Apesar de ser disseminada em todo o mundo, a arquitetura vernacular tem tudo a ver com o Brasil. O uso de recursos naturais, técnicas regionais e trabalho comunitário têm tudo a ver com o aprendizado que passa de geração em geração e, mesmo muitas vezes abandonado, continua sendo apreciado por quem admira saberes populares. A principal característica da arquitetura vernacular é sua adaptação às condições locais, como clima, solo e recursos naturais, e sua construção com materiais e técnicos tradicionais. A arquitetura vernacular pode ser definida como uma tipologia de caráter local ou regional, na qual são empregados materiais e recursos do próprio ambiente onde a edificação está inserida.
Arquitetura vernacular: valorizando as tradições e os saberes populares
É preciso um esforço comunitário, coletivo, tanto no que diz respeito ao emprego correto das técnicas, quanto ao uso da força bruta. Em razão disso, as casas de arquitetura vernacular possuem características parecidas de acordo com a região em que estão localizadas. A arquitetura vernacular pode ser utilizada para melhorar a qualidade de vida das pessoas, adaptando-se às condições climáticas e topográficas, proporcionando conforto térmico e luminotécnico.
As paredes foram executadas em terra, em geral na técnica de pau a pique, exceto uma parede estrutural que contou com a técnica de taipa de pilão. Além disso, a arquitetura vernacular contribui para o desenvolvimento da arquitetura sustentável. Através de diretrizes bioclimáticas, categorização de materiais disponíveis, técnicas ambientalmente amigáveis, dentre outros. Os modelos vernáculos certamente são facilmente apresentados como inspiração para arquiteturas de alto desempenho. O Brasil possui um vasto acervo que se adapta aos diversos microclimas e inspira obras muito interessantes e eficientes. As características de uma arquitetura vernacular podem variar muito, pois como vimos, essa arquitetura é muito plural e seus aspectos são moldados a partir da sua localidade e comunidade.
Para além da questão sustentável, a arquitetura vernacular lança luz a outro aspecto fundamental a ser explorado nos dias atuais. Ao representar a identidade cultural de certo povo, torna-se uma ferramenta para o fortalecimento do vínculo entre a população e seu local geográfico, fomentando o sentimento de pertencimento perante o espaço habitado. Um vínculo tão importante para os dias de hoje em que parece haver uma tendência à fragmentação do indivíduo condicionado pelas contínuas transformações dos sistemas culturais (HALL, 2006).
De fato, muitas delas são feitas em família, como um aprendizado de pais para filhos, em que se entende como um lar funciona ao colocar a mão na massa. Recursos fáceis de encontrar e características arquitetônicas locais formam a milenar arquitetura vernacular. A arquitetura nativa se adapta aos recursos naturais, como solo, água e materiais de construção disponíveis. Por exemplo, em regiões com solo arenoso, as casas podem ser construídas de palha ou madeira para evitar o afundamento, enquanto em áreas com água abundante, as casas podem ser construídas de barro ou adobe. A arquitetura vernacular brasileira, mesmo já existindo há muito tempo, teve destaque depois da segunda metade do século XX, tendo o arquiteto Lúcio Costa como um de seus principais apoiadores.
Você conhece a Arquitetura Vernacular?
A arquitetura vernacular por muito tempo foi interpretada como de baixa qualidade e inferior aos estilos arquitetônicos eruditos, e de certa forma até hoje existe um certo estigma quanto a este modelo de construção. Foi somente na segunda metade do século XX que planta de casas térreas essas arquiteturas receberam outros olhares, com as interpretações de Le Corbusier e Frank Lloyd Wright. No Brasil quem toma a frente no renascimento da arquitetura vernacular brasileira é o arquiteto Lúcio Costa, em 1930, com o movimento de identidade nacional.
Além disso, a diversidade das tribos resulta em costumes e culturas bastante plurais, de forma que os modelos de arquitetura vernacular indígena não são uniformes. O arquiteto Lúcio Costa foi um dos principais nomes desse tipo de arquitetura no Brasil, resgatando técnicas tradicionais, como a taipa de pilão e o pau a pique. A arquitetura vernacular se baseia no uso de materiais naturais e técnicas construtivas tradicionais que variam de acordo com cada região. Devido a isso, a arquitetura planta de casa térrea vernacular vem sendo mais debatida e revista em muitas práticas arquitetônicas contemporâneas, manifestando um papel muito importante na sociedade atualmente, pois essas características bioclimáticas nas edificações são exemplos de sustentabilidade arquitetônica. O objetivo neste trabalho foi propor uma unidade pedagógica em uma área de proteção ambiental (APA) da Ilha do Combú com base em resultados térmico-hídricos associados à verticalização e perda de área verde em Belém.